segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Obras da Nova Orla da Imbetiba, de conflito em conflito.

Quase um ano depois de publicar o projeto no blog, temos o prazer de apresentar imagens obtidas no grupo Memória Macaense do facebook. O prazer é somente pela fonte da imagem, que é um grande exemplo de cidadania. Mas a imagem mostra um trabalho inacabado.



A construtora responsável por executar o projeto é a famosa Delta, que é muito comentada no cenário  político por denúncias e suspeitas de irregularidades em obras pelo Brasil. Como já era de se esperar, as obras estão paralisadas. Saindo do mérito da questão, hoje eu acordei autoritário. Se o poder absoluto de decidir o projeto da Imbetiba fosse meu, eu não retiraria nenhuma das árvores, mesmo que não sejam nativas da região, como as amendoeiras, casuarinas entre outras "invasoras". Essas arvores estavam no bairro por tanto tempo, que deveriam ser vistas como moradores. Mas tantos moradores, tantas famílias tradicionais do bairro já se mudaram. A retirada das arvores e a saída de muitos dos antigos moradores do bairro não foram por vontade. O bairro mudou tanto que a opção de sair se tornou um caminho no destino da vizinhança. Como eu ia dizendo, acordei autoritário e nos meus sonhos eu tenho o poder de fazer o que eu quiser com o bairro. Eu faria um aterro para aumentar a faixa de areia em alguns metros para que a recuperação da restinga não seja tão limitada ao espaço atual. Usando o exemplo da recuperação da restinga da praia de Itacoatiara em Niterói. Sobre o assunto eu recomendo a leitura do que foi publicado em Papos Abertos

O bairro da Imbetiba já não oferece espaços públicos para a sua população. Os moradores freqüentadores da orla têm hora marcada para desfrutar do espaço. Somente durante a semana na parte da manhã, pois fora desse horario ou o bairro fica muito cheio ou muito deserto e se torna local ermo. O espaço é público, e não me incomoda que a praia seja freqüentada por moradores de outros bairros, mas existe uma grande incompatibilidade entre o perfil dos freqüentadores e os moradores da Imbetiba. A imbetiba é um bairro valorizado, e os freqüentadores da praia são em sua maioria, moradores de bairros menos valorizados. O próprio bairro tem suas regiões com características diferentes. Tem a região da "Vila Operária", "Vila dos Pescadores", região do antigo loteamento Taboada...Sempre existe uma característica diferente, uma característica comum...Mas eu acredito que quando um bairro vira "quintal" de outro, é falha do poder público. Ainda mais se um bairro tem praia e seus moradores freqüentam outro bairro para ir em outra praia. Objetivamente é o que ocorre, quem mora na Barra, frequenta a Imbetiba, quem mora na Imbetiba freqüenta praia dos Cavaleiros, quem mora nos Cavaleiros freqüenta a Praia do Pecado...Enfim, este foi o cenário até os anos 90. Agora já está mais "estamentado" ainda. Quem mora nos bairros mais pobres freqüenta Imbetiba, e a parte entre Praia Campista e Praia dos Cavaleiros até o Tênis Clube. Do Tênis Clube em diante tem a praia do pecado, que é melhor para a prática do surf e ficou mais para a elite, e a Lagoa e Praia das Pedrinhas com características semelhantes.



Existia uma muralha de proteção para os períodos de ressaca na praia da Imbetiba. essa muralha foi diminuída como parte do projeto para que se possa ver a praia com maior facilidade em todos os pontos da orla. Esta ação não incomodaria, caso houvesse cobertura de vegetação de restinga nestes mesmos pontos. A praia da Imbetiba já foi muito violada, desde as guerras entre as tribos indígenas dos Tamôios contra Goytacazes, Invasão dos piratas franceses de 1725, chegada 1630 e saída 1795 dos Jesuítas, A construção do canal Campos-Macaé com o porto da Imbetiba, A estrada de ferro Leopoldina 1872, a chegada da Petrobras 1974. A Imbetiba é o que sobrou de conflitos e assim continua sendo. Nada foi simples, talvez por isso seja tão grandioso em significado. O Bairro da Praia da Imbetiba é um livro de História que foi escrito com conflitos. A muralha da Imbetiba representa parte da luta de um bairro abaixo do nível do mar, cortado por canais cobertos por canteiros verdes, que se levantou entre lama do brejo, a areia da restinga e os conflitos dos homens.

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